quarta-feira, 27 de abril de 2016

CRISE!! É HORA DE EXPORTAR.




foto source: https://www.google.com.br/url?



O mercado da construção civil está aquecendo nos Estados Unidos, com isto é hora dos exportadores brasileiros voltarem seus olhos para este importante segmento.  Antes da crise de 2009, este mercado estava superaquecido com volumosas  exportações de chapas de granitos polidas, mesas, balcões e várias peças de granitos trabalhadas sob medida para os importadores americanos.


O embarque se dava através de containers e era  grande a movimentação de navios containeiros das mais diversas linhas, como MSC, Maersk, CMA-CGM, Mitsui, Hamburg Sud, Cosco,  etc nos portos de Vitória/ES, principalmente no terminal de containers do TVV, atual Login. Para este ano segundo pesquisas da OCDE a estimativa de crescimento da economia americana deve girar em torno de 2% e o crescimento mundial na média de 3%.


Portanto, está na hora dos exportadores Brasileiros, retomarem seus contatos no exterior e aproveitar este momento, já que contam com experiência adquirida  neste segmento. O câmbio está favorável às exportações e o mercado de frete marítimo está desaquecido, tendo em vista o excesso da oferta de navios em relação ao baixo volume de cargas transportadas. Embora a maior parte das vendas seja negociada na modalidade “FOB terms”, venda FOB, contudo favorece o importador na hora de negociar o frete e o exportador no contrato de venda da mercadoria em relação ao preço final.


Por outro lado, uma das peculiaridades do mercado Americano é a exigência de certificado da madeira dos pallets e escoramento das chapas de granitos dentro do container. É necessário apresentar certificado do Ibama(selo verde), atestando que a madeira foi adquirida de forma legal,  certificado de fumigação, confirmando que a madeira foi fumigada, evitando assim a existência de insetos e outras pragas nocivas ao meio ambiente, alem dos documentos já corriqueiros no processo de exportação como Fatura comercial, certificado de origem, Carta de crédito, seguro e outros documentos acordados entre exportador e importador.


A chave deste negócio, é que ninguém sabe onde ela está, e reside no chamado seguro de crédito às exportações (SCE) que é atrelado ao FGE – Fundo garantidor de Exportação, ligado ao Ministério da Fazenda (lei 9.818/99). Os bancos  não estão financiando as exportações e nem o BNDES. Os bancos privados estão reduzindo suas margens de riscos, devido a crise e perspectivas econômicas sombrias para o Brasil, e o BNDES que poderia ser o protagonista deste negócio está elidido, devido as recentes inversões não muito ortodoxas no mercado, principalmente em empresas que hoje enfrentam graves perdas financeiras por estarem envolvidas em escândalos de corrupção.


Desta forma, existe uma lacuna no mercado que pode ser preenchida pelo financiamento externo. Grandes bancos Europeus estão com os cofres cheios, ávidos por grandes projetos e financiamentos externos dependem das garantias a ser pactuada. Trata-se de variedade de mercado que os governos dos países com economias mais desenvolvidas preenchem através das chamadas ECAs – Export Credit Agencies (Agências de Crédito à Exportação).


Essas  agências se organizam de diversas formas. Em comum, elas dispõem de financiamento e/ou garantias públicas para apoiar as exportações de bens e serviços de longo prazo, mas contando ainda com programas de curto prazo para micro e pequenas empresas.  No site da OCDE é possível encontrar vários endereços de empresas fomentadoras de crédito, a saber: http://www.oecd.org/tad/xcred/eca.htm


Imperativo observar e respeitar os prazos pactuados no contrato, sob pena de multa,  cancelamento do contrato,  litígios em tribunais alegando perdas, danos e lucros cessantes. Uma boa dica para aqueles que estão pensando em exportar é sempre estar atento aos termos do contrato internacional de venda e ao transporte marítimo. Em uma venda na modalidade “FOB” em que a mercadoria tem que ser entregue no costado da embarcação (navio), pelo exportador, já desembaraçada pela Alfândega e pronta para embarcar.


Quem aponta ou indica a embarcação e paga o frete marítimo e  seguro da mercadoria é o Importador da mercadoria. O exportador tem que calcular seus custos relativos ao transporte interno, estufagem (colocar a mercadoria dentro dos containers), seguro de transporte interno da mercadoria, impostos (se houver), despesas com despachante e movimentação de containers dentro do porto (capatazia), caso haja verificação física da mercadoria pela Alfândega derivada de canal  vermelho.


O exportador deve se eximir de contratar o frete, a pedido do Importador (na condição FOB) no sentido de evitar problemas com “demurrage” (multa pela demora na entrega dos containers) e posterior cobrança de frete, caso o importador não honre o pagamento. Existem litígios em tribunais em que o transportador marítimo cobrou do exportador o pagamento do frete, o seguro, e multa pela demora na entrega dos containers (demurrage) devido ao inadimplemento do importador que não apareceu para receber a carga e também não pagou o frete marítimo. A empresa transportadora marítima entrou com uma execução de cobrança em desfavor do exportador, pois foi exatamente ele quem contratou o frete. É preciso estar atento aos detalhes.


Por fim, vale a pena ressaltar outros mercados importantes que estão despontando, como o de alimentos (carnes e derivados) a Russia, China e países do leste Europeu.  Não podemos esquecer de mencionar o Iran, que voltou ao mercado, após suspensas as sanções impostas pela União Europeia e Estados Unidos, passando a ser um grande player para as importações de commodities e seus derivados a partir  do Brasil. Contudo é preciso estar atento a carta de crédito e verificação de um banco de primeira linha e o banco garantidor de crédito.



No mais, procure ajuda nos sites do banco do Brasil ou Sebrae e conte sempre com a ajuda de uma boa consultoria para evitar surpresas desagradáveis.


Dados sobre o autor:
Paulo S.Silvano Oliveira
Advogado – Consultor de empresas
Extensão em Direito marítimo (transporte marítimo, oil & gás, avarias, etc)
“Expertise” em portos – tendo atuado por 10 anos em portos da VALE. Empresas
De comércio exterior, Armadores Gregos, Empresas de reparos navais, etc.
Linkedin: BR.linkedin.com/in/paulosilvano
WWW.abreuefranca.adv.br

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