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BRASIL EM PARALAXE[1]
A recente
vitória do governo Temer na Câmara, traz a luz alguns acontecimentos que estão
sendo interpretados de maneira diversa à forma com que os fatos se apresentam. Para
um breve aprofundamento, vejamos o caso desta conturbada vitória do governo.
Ao
contrário do que prognosticava a maior parte da mídia, analistas políticos e
diversas consultorias: que o governo Temer estava vazando água por todos os
lados e não se sustentaria ao longo deste processo. Com efeito, algumas consultorias até arriscaram
prenunciar índices em até 70% pontos
percentuais de probabilidade de queda.
Pois bem,
o governo não caiu, conseguiu maioria no Senado e Câmara e o voto foi pelo não
prosseguimento da denúncia ao STF (Supremo Tribunal Federal). Desta forma o
processo está suspenso. Por suspenso, entenda-se que NÂO foi extinto,
pelo contrário, abriu-se apenas um espaço de tempo para que, findo o mandato
presidencial, já como ex presidente, Temer, caso não seja eleito a outro cargo
público, perca a prerrogativa de foro e venha a responder ao processo em
primeira instância.
E como se
deu isso? Simples, o presidente Temer, como notório jurista e habilidoso
político, cercou-se de pessoas experientes, capitaneado por uma renomada equipe
econômica com nomes prestigiados e reconhecidos no mercado nacional e
internacional, foram exitosos em domar a inflação, implementar reformas
importantes e aprovar o teto de gastos, dentre outras medidas que produziram
eficácia.
O banco
central, por sua vez, começou a reduzir a taxa de juros, chegando ao patamar de
um dígito (9.25% ao ano). Ainda está alta, contudo, provando que o pais pode
retomar o curso para um nível adequado de crescimento, geração de empregos e
melhoria da renda.
Entretanto,
nada disto contribuiu como ponto a favor do governo. Ao contrário, boa parte da
mídia, analistas políticos e consultorias preferiram voltar os olhos para o
viés do trivial com ênfase em escândalos, pois era a pauta principal dos
jornais escritos e principalmente da mídia televisiva. Quanto mais escândalos,
mais prisões, maior a audiência e o incremento da venda de jornais. Por outro
lado, percebia-se um congresso amedrontado e indeciso.
Isto
posto, resultou em um cenário de grande instabilidade política, e foi
indubitavelmente neste terreno insólito, que se travou a batalha. Perante um ambiente fragmentado e
bastante volátil em que emergem interesses dos mais difusos, contrários aos
anseios da sociedade, sem levar em conta o “telos”, ou seja, a finalidade
principal que é a estabilidade social é o bem público.
Neste cenário nebuloso, o preço
político dos atores para estarem ao lado de um governo com baixos índices de
popularidade, no sentido de apoia-lo, é bastante alto. Para
entender melhor a dinâmica destes movimentos, temos que buscar na sabedoria de
Aristóteles, quando particulariza a respeito da habilidade humana. Em seu livro “ ETICA A NICÔMACO” [2]Aristóteles,
ressalta que:
“... Existe uma faculdade chamada habilidade, e
essa é capaz de fazer coisas que tendem a um fim que propomos e atingi-las. Se
o fim é nobre, a habilidade será digna de elogios, mas se for mau, ela, é
somente astúcia. ”
Também, o filósofo Escocês Allasdair Macintyre, assevera que :
.O
Homem como agente moral é um ser situado, condicionado pelas circunstâncias e
com laços que o prendem a uma comunidade com uma dada tradição.
Fonte:
http://www.eses.pt/usr/ramiro/docs/etica_pedagogia/A%20%C3%89TICA%20DEALASDAIR%20MACINTYRE[1].pdf
Nos bastidores, as articulações
políticas para conseguir quórum a favor do governo, colocaram às favas a
virtude, quando se tem que salvar a própria pele. A negociação de cargos de
primeiro e segundo escalão, emendas e outros artifícios para servir de base a
negociação para formar maioria pró governo, lamentavelmente faz parte do nosso
curioso sistema de presidencialismo de coalizão.
Ora, então, por que a sociedade não se
manifestou e saiu às ruas exigindo o mantra “fora Temer”? Porque não se sentiu
representada por nenhum destes atores e argumentos apresentados. A retórica e o
desenrolar dos fatos, não foram capazes de movimentar a sociedade, criar adesão
e dar sustentação a qualquer um destes agentes em sua performance.
Diante disto, por mais paradoxal que
pareça. A sociedade seguiu o mercado, que já precificava a permanência do
Governo, após vitória no TSE incluindo aí, a valorização da bolsa chegando a 68.000
pontos, dólar em queda, significativa melhora dos índices econômicos, acenando
com uma tímida recuperação da taxa de desemprego.
Não por acaso, infere-se que há um povo
com maior capacidade de construir um raciocínio lógico, e que a percepção dos
fatos está sendo analisado de uma maneira diferente e ainda não percebida pela
classe política, mídia, analistas e outros atores e formadores de opinião. Resulta
disto, o título do artigo. “EM PARALAXE”
Está na hora de rever e ajustar o
contrato social preconizado por Rousseau, em que o homem abandonou seu estado de natureza
(justiça por seus próprios meios) e confiou ao Estado em formação àquela época,
a sua segurança e organização social. Vale ressaltar que o estado foi criado
para o homem e não o contrário.
Concluindo, a redução do estado e sua
adequação aos princípios constitucionais existentes na administração públicas
como mecanismos de gestão e aprimoramento que são: a eficiência e eficácia,
aliado a um maior controle por parte da sociedade organizada e organismos não
governamentais, cobrando do governo medidas coerentes com a necessidade e
aspiração popular, parece ser o caminho ideal para o fortalecimento da
democracia e instituições, consolidando o
caráter de uma nova geração que está em movimento.
By:
Zadock Zenas
Algarve.
[1]
PARALAXE: consiste em um aparente deslocamento de um
objeto observado, que é causado por uma mudança no posicionamento
do observador. Fonte: https://www.significados.com.br/paralaxe/
[2]
Etica a Nicomano / Aristóteles – São Paulo – Martin Claret, 2015
Coleção a obra-prima de cada autor; 53 – pag. 170.
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