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ALASDAIR MACINTYRE E O RETORNO ÀS VIRTUDES
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Alasdair MacIntyre: O Filósofo que Propôs um Caminho de Volta às Virtudes
Com a morte de Alasdair MacIntyre, o mundo perde um dos pensadores mais ousados e influentes da filosofia moral do século XX. Mas sua obra, especialmente o livro Depois da Virtude, continua mais atual do que nunca. Em um tempo de debates acalorados e pouca escuta, MacIntyre nos convida a fazer uma pausa, olhar para trás — e resgatar algo essencial: a ideia de que a moral só faz sentido dentro de tradições vivas e comunidades reais.
Um Diagnóstico Incômodo
MacIntyre começa seu livro com uma provocação: imagine uma civilização que perdeu todo o conhecimento da ciência, restando apenas pedaços soltos — fórmulas sem sentido, termos técnicos sem contexto. Ele diz que é exatamente assim que estamos hoje em relação à moral. Falamos de justiça, direitos, deveres… mas perdemos o fio da meada. Usamos palavras que herdamos, mas esquecemos o que as sustentava.
Nietzsche Estava Certo? Até Certo Ponto
Ele reconhece que Nietzsche percebeu isso antes de muitos. O filósofo alemão viu que os valores morais tradicionais estavam ruindo e propôs uma nova moral baseada na vontade de poder, onde o “além-do-homem” (Übermensch) criaria seus próprios valores. MacIntyre, porém, discorda da saída. Para ele, Nietzsche entendeu o problema, mas sua solução — romper com tudo e começar do zero — nos joga num abismo ainda maior: o niilismo, ou seja, a perda total de sentido.
A Alternativa: Práticas, Comunidades e Virtudes
A proposta de MacIntyre é resgatar a ética das virtudes, especialmente como ensinada por Aristóteles. Para ele, não podemos falar de moral sem falar de pessoas inseridas em histórias, comunidades e práticas concretas. Virtudes como coragem, honestidade, justiça ou generosidade só fazem sentido se estiverem ligadas a modos de vida reais — como ser um bom médico, um bom professor, um bom cidadão.
Além disso, ele nos lembra que todos vivemos dentro de uma narrativa — nossa vida tem começo, meio e fim, e ela só faz sentido quando entendemos para onde estamos indo. Por isso, ele resgata a ideia de “telos”, o propósito da vida humana. Sem esse horizonte comum, nossos debates morais se tornam gritos no vazio.
O Problema do Liberalismo
MacIntyre também critica com firmeza o liberalismo moderno, que tenta construir uma sociedade neutra, onde cada um escolhe sua própria visão de bem. Para ele, essa pretensão de neutralidade moral é falsa e perigosa. Nenhuma decisão está realmente “acima das tradições”. Ao negar isso, o liberalismo nos desliga das comunidades morais que dão forma e sentido às nossas escolhas — e nos deixa vulneráveis ao relativismo e à desorientação.
O Que Fica de Seu Legado?
O pensamento de Alasdair MacIntyre atravessa disciplinas: da filosofia política à teologia, da ética à educação. Sua conversão posterior ao catolicismo romano também influenciou sua busca por uma tradição moral coerente e encarnada. Muitos veem nele uma figura “aristotélico-tomista” no século XX, que ousou criticar tanto o liberalismo quanto o niilismo, e o fez sem nostalgia, mas com realismo e profundidade.
Em um mundo cada vez mais atomizado e moralmente fragmentado, MacIntyre nos deixa uma advertência — e uma esperança: não é possível uma ética sem telos, sem propósito, sem tradição.
MacIntyre não oferece respostas fáceis, nem fórmulas prontas. Mas seu diagnóstico e sua proposta ecoam de maneira poderosa no nosso tempo: vivemos uma crise moral porque perdemos o enraizamento. Precisamos de práticas reais, comunidades vivas e uma história comum. Em vez de inventar tudo do zero, talvez devamos reaprender com quem veio antes.
No fim de Depois da Virtude, ele lança uma pergunta provocadora: “Aristóteles ou Nietzsche?” Ou seja: reconstruímos com base nas virtudes e tradições? Ou seguimos num caminho de ruptura e vazio? O bem e mau existem e devemos pensar nossas escolhas com responsabilidades. Essa talvez seja uma das grandes questões do nosso tempo.
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By, Paulo Silvano (kernel text)
Advogado,
pós graduado em Direito Previdenciário e extensão em Direito Marítimo e
Portuário
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Referências bibliográficas
-
MacINTYRE, Alasdair. Depois da Virtude. Rio de Janeiro: Record, 2001.
-
NIETZSCHE, Friedrich. Além do Bem e do Mal. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
-
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
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