ELOGIO DA
LOUCURA
Aproveitando
o feriado, “nestas noites quentes de verão”, parafraseando o poeta Cazuza, curtindo
as comemorações natalinas, passei a examinar a estante em busca de algum livro
para ler e passar o tempo. Eis que ao lançar os olhos um pouco mais acima,
deparei-me com a excelente obra literária do magnifico escritor e humanista
Erasmo de Roterdã, intitulada: ELOGIO DA
LOUCURA.[i]
Trata-se
de uma grande sátira e crítica mordaz à sociedade Europeia, aos potentados da
época e a Igreja ocidental em suas mazelas na busca pelo poder no século XV e
XVI. A comparação com a sociedade,
igreja e classe política de nossos tempos é inevitável, alterando somente o
cenário em que os atos dos personagens sobrevêm. Principalmente em ano de
eleição que nos espera em 2018
Mas...
deixemos de lado os encômios e passemos a leitura de um dos excertos do livro,
encontrado à página 7. Faculto aos leitores as comparações, pertinentes.
...Nascida
no meio de tantas delícias, não saudei a luz com o pranto, como quase todos os
homens: mal fui parida, comecei a rir gostosamente na cara de minha mãe. Não
invejo, pois, ao supremo Júpiter, o ter sido amamentado pela cabra Amaltéia,
pois que duas graciosíssimas ninfas me deram de mamar: Mete (22), filha de
Baco, e Apedia (23), filha de Pã. Ainda podeis vê-las, aqui, no consórcio das
outras minhas sequazes e companheiras. Se, por Júpiter, também quereis saber os
seus nomes, eu vo-lo direi, mas somente em grego.
Estais
vendo esta, de olhar altivo? É Filavtia, isto é, o amor-próprio. E esta, de
olhos risonhos, que aplaude batendo palmas? É Kolaxia, isto é, a adulação. E, a
outra, de pálpebras cerradas parecendo dormir? É Lethes, isto é, o
esquecimento. E aquela, que se acha apoiada nos cotovelos, com as mãos
cruzadas? É Misoponia, isto é, o horror à fadiga. E esta, que tem a cabeça
engrinaldada de rosas, exalando essências e perfumes? É Idonis, isto é, a
volúpia. E a outra, que está revirando os olhos lúbricos e incertos e parece
dominada por convulsões? É Ania, isto é, a irreflexão. Finalmente, aquela, de
pele alabastrina, gorducha e bem nutrida, é Trofís, isto é, a delícia. Entre
essas ninfas, podeis distinguir ainda dois deuses: um é Komo, isto é, o riso e
o prazer da mesa; o outro é Nigreton hypnon, isto é, o sono profundo.
Acompanhada,
pois, e servida fielmente por esse séquito de criados, estendo o meu domínio
sobre todas as coisas, e até os monarcas mais absolutos estão submetidos ao meu
império. Já conheceis, portanto, o meu nascimento, a minha educação e a minha
corte. Agora, para que ninguém julgue não haver razão para eu usurpar o nome de
deusa, quero demonstrar-vos quanto sou útil aos deuses e aos homens e até onde chega
o meu divino poder, desde que me presteis ouvidos com bastante atenção...
Caso
pretendam continuar a leitura, o que recomendo, acessem o sitio abaixo.
[i] Elogio
da Loucura (Encomium Moriae) Erasmo de Rotterdam (1466 — 1536) Tradução base
Paulo M. Oliveira Versão para eBook eBooksBrasil.com
Elogio da Loucura - Erasmo de Rotterdam
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