quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

O BRASIL NÃO É A SUÍÇA / BRAZIL IS NOT THE SWITZERLAND


arvore da jabuticaba (myrciaria cauliflora). fonte:wikipedia


O BRASIL NÃO É A SUÍÇA



A presidente em exercício parece que mora no Brasil, mas governa a Suíça, tal as frases de efeito que são veiculadas na mídia diariamente.

Quando perguntada a respeito do combate a inflação, metas de superávit primário, corrupção, etc. Costuma responder que a inflação está sobre controle, o superávit primário está de acordo com o planejado, que estão enfrentando dificuldades para cumprimento em função da conjuntura internacional desfavorável; em relação à corrupção o governo está fazendo de tudo para que as investigações prossigam e sejam os culpados punidos exemplarmente, dando total independência aos órgãos de repressão ao crime.

Entretanto, para os brasileiros residentes, a realidade é outra, com inflação acima do teto da meta (IPCA variação 12 meses- IBGE) 6.59 – fonte jornal o globo de 24/11/2014- sem contar a inflação de serviços. Crescimento do PIB sendo revisado constantemente para baixo, agora prevendo 0,5% com muito otimismo e talvez malabarismos. A corrupção na Petrobras atinge níveis estratosféricos, com auditoria externa negando-se a ratificar o balanço que pela lei das empresas de capital aberto ou S/A tem que ser apresentado após o ano de exercício fiscal, janeiro de 2015.

Assim, o  código civil de 2002 em seu art. 1078 preve: “Art. 1.078. A assembléia dos sócios deve realizar-se ao menos uma vez por ano, nos quatro meses seguintes à ao término do exercício social, com o objetivo de..”: Desta forma, pela lei a empresa tem prazo a seu favor para publicação do balanço do exercício anterior até abril de 2015. Mas, não se iluda, ante a negativa da consultoria em ratificar o balanço, a empresa terá sérias dificuldades em rolar sua dívida ou capitalizar investimentos via mercado de ações para seu ambicioso projeto e alcance de metas de produção, previsto em 4.2 milhões de barris de petróleo(bpd) até o ano de 2020 demandando investimentos necessários na ordem de US$ 200 bilhões, isto sem falar em detalhes das ações pleiteando perdas e danos movidas em cortes norte americanas.

Em relação a equipe econômica volta a aparecer as curiosidades brasileiras, ou jabuticaba(fruta genuinamente brasileira) onde temos um ministro da fazenda ortodoxo, planejamento e banco central heterodoxo, quem vai ganhar este cabo de guerra tupiniquim entre Adam Smith x Keynnes. A fazenda (Smith) diz: menos intervenção do estado e arrocho fiscal, por outro lado,  o banco central e planejamento (Keynes) pregam, mais intervenção do estado e politicais fiscais de portas abertas para derramar dinheiro no mercado. Pensamento este que é corroborado pelo partido governista PT em seu projeto de 20 anos de poder.

Diante deste quadro atual, há aparente calma nos mercados pela escolha  do ministro da fazenda que tem a leitura correta da situação econômica atual. Contudo, levando em consideração que a Presidente tem como certo que a sociedade ou parte desta, aprovou o seu projeto de governo quando a reelegeu nas urnas, e na fala do ministro da secretaria geral da presidência, que disse que o novo ministro da fazenda aceitou o convite por considerar viável o projeto do governo, podemos ter uma dimensão do que será esta administração.

O ano que se aproxima (2015) será bastante difícil para o pais, perdemos o “timing” de reformas que poderiam ou deveriam ter sido feitas, durante a benção das commodities, agora com desaceleração econômica mundial, pífio desenvolvimento econômico interno e um mar de escândalos atingindo o PT e partidos aliados somado ao descrédito da classe empresarial, será um verdadeiro trabalho de “Sisifo”[i] . O problema maior é que as agencias classificadoras de risco estão atentamente observando  o desempenho do Brasil, caso as mudanças não sejam implementadas, certamente vão rebaixar a classificação “investment grade” do País o que vai dificultar ainda mais o ingresso de capital estrangeiro, tendo que elevar a taxa de juros que já anda pela camada de ozônio.

Concluindo, a equipe econômica tem que programar as reformas necessárias, o governo terá que gastar menos, reduzir  benesses, haverá desemprego, diminuição de crédito e consumo, clamor da população e alas mais conservadoras do partido PT contra estas medidas consideradas impopulares. É o paradoxo do partido dos trabalhadores, será pressão para todos os lados, resta saber se o governo vai resistir ou voltar à sua velha e conhecida fórmula, de interventor e patrocinador da economia.

Dados sobre o autor:
Paulo S.Silvano Oliveira
Advogado –
Extensão em Direito marítimo (transporte marítimo, oil & gás, avarias, etc)
“Expertise” em portos – tendo atuado por 10 anos em portos da VALE.
Linkedin: BR.linkedin.com/in/paulosilvano







[i] Heroi da mitologia grega que recebeu como castigo empurrar uma pedra até o cume de uma montanha, onde ela rola de volta.





Nenhum comentário:

Postar um comentário