Nestes
tempos extremados em que estamos vivenciando o caminhar das sociedades, principalmente,
a ocidental, sempre oscilando de um lado a outro, mas, raramente o pendulo se
posiciona em equilíbrio. Tem se que esta insatisfação, expõe suas razoes na
forma em que as coisas se apresentam e a maneira como os governantes tem exercido
o poder político, que se desvanece, dissociado das legitimas aspirações do povo.
Em uma
sociedade digitalizada que vivemos, as demandas sociais primárias, não
conseguem ser absorvidas pela classe política, imersa em seus próprios interesses
e concepções. Desta forma, cria-se um abismo entre os partidos políticos e o
conjunto social, em termos de obediência e cumplicidade. Assim, muitos partidos
estão sendo simplesmente triturados e desprezados pelo cidadão digital.
A esquerda,
como fenômeno, que despontou em seguida ao período pós-guerra, em meio a uma
sociedade, um tanto niilista à época, que buscava respostas para tanta barbárie
e mortos; encontrou abrigo na mente das pessoas que acreditaram nas propostas
socialistas de redução das desigualdades, inclusão social e maior distribuição
de renda. Uma espécie de “neo” Renascimento.
Contudo, este
belo e oportuno discurso, era apenas um deslocamento circunstancial e na
prática, se mostrava outra coisa. Mesmo nos países desenvolvidos, com uma
sociedade mais evoluída e organizada, a esquerda continua a perder terreno. Não
para o centro ou direita. Mas, tendente à extrema direita. Provavelmente, na
França, o presidente Macron não será reeleito, abrindo caminho para vitória de
Marine Le Pen.
Na américa
Latina, a esquerda está imersa em um mar de privilégios e corrupção. No Brasil
em que estes governos se sucederam por quase 14 anos no poder. Houve pequenos
avanços e gigantescos retrocessos. A sociedade encontra-se bastante fragmentada
e disforme.
O tecido
social e as instituições estão atomizadas. Isto não é involuntário, pois, é
mais fácil converter um indivíduo a determinada ideologia do que um grupo. Com isto,
famílias estão desagregadas, experimentando novos conceitos e pilares. Como
resultado, a divisão entre “nós e eles”.
Com
efeito, o mundo caminha para governos de direita e extrema direita. Centralizadores
de poder. Os EUA, não obstante o desprezo da imprensa, elegeram Donald Trump,
outros países, também decidiram por governos de direita, como: Russia, Turquia, Israel, Austria, Holanda, Itália, dentre outros.
Concluindo,
por que esta inflexão dos povos? Para responder a esta pergunta temos que recorrer
a sociologia de Talcott Parsons[i].
Em brilhante trabalho sobre o poder e suas nuances, Talcott nos apresenta o
seguinte pensamento:
“a
saber, que o poder é mercadoria rara, que só podemos possuir às custas de outra
pessoa. Ou ainda: que o poder que possuo é a contrapartida do fato de que
alguém não o possui.”
Neste
sentido, o poder como potência, é exercido de forma singular pelos governos, com
o pêndulo da ideologia determinando a finalidade a que se destina. Ainda um
pouco mais dos excertos de Parsons, temos que:
“Se
X tem poder, é preciso que em algum lugar haja um ou vários Y que sejam
desprovidos de tal poder. É o que a sociologia norte-americana chama de teoria
do “poder de soma zero”: o poder é uma soma fixa, tal que o poder de A implica
o não poder de B. Esta tese (ou este pressuposto, quando a tese não é
expressamente enunciada), encontra-se em autores tão diferentes ideologicamente
como Marx, Nietzsche, Max Weber, Raymond Aron, Wright Mills...” [ii]
Agora sim,
completando o raciocínio, a Democracia precisa do poder para organizar de forma
teleológica os governos e fazer valer o pacto social. Por sua vez, a sociedade
tem que estar atenta e cobrar governos eleitos pelo voto, a cumprirem seu
programa apresentado, estabelecendo metas e medição de performance. Ao mesmo
tempo, o poder necessita da Democracia para legitima-lo em consolidar os ideais
mais elevados da sociedade.
Sobre o autor:
Paulo
S.Silvano Oliveira
Advogado /
Consultor
Extensão em
Direito marítimo (transporte marítimo, oil & gás, avarias, etc)
“Expertise”
em portos – tendo atuado por 10 anos em portos da VALE.
Empresas de
reparos navais e Agencias marítimas.
e-mail: paulosilvano.juridico@gmail.com
Linkedin: BR.linkedin.com/in/paulosilvano
[i] Talcott
Edgar Frederick Parsons (Colorado
Springs, 13 de dezembro de 1902 — Munique, 8 de maio de 1979) foi um sociólogoestadunidense.
Seu trabalho teve grande influência nas décadas
de 1950 e 1960.
– Fonte: Wikipedia / google
[ii] Do Livro “O que é o Poder”, Gerard
Lebrun, editora Brasilience, 1981
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