DAVOS, TRUMP E A NOVA PERSPECTIVA GLOBAL
O
discurso de Xi Jinping, presidente da China, no fórum de Davos foi pragmático e
oportunista, não trazendo nada de novo ao cenário econômico e comércio mundial.
O louvor sobre as virtudes da globalização e conservação de aberturas comerciais,
possibilitando fluxo de mercadorias e capitais entre os países foi o que
possibilitou a China alcançar exitosas taxas de crescimento, beirando os 10.5%
entre os anos dourados da economia mundial situado entre os meados de 2003 até
2010. (fonte indexmundi - http://www.indexmundi.com/g/g.aspx?v=66&c=ch&l=pt)
A
globalização, agora hostilizada por muitos, possibilitou a China desenvolver
reformas estruturais, gerando empregos, aumentando a taxa de poupança interna,
incrementado suas reservas cambiais e de forma voraz, adquirindo ativos no
exterior. Portanto, o discurso do presidente Chinês visa somente a defender o
seu pão de cada dia.
Por outro
lado, o presidente eleito dos EUA, o bilionário Donald Trump, acostumado a empreender
mega investimentos e negociar contratos vultosos, já tem a percepção para onde o
dinheiro caminha, adotando a estratégia de disparar breves e incisivos comentários
em sentido contrário ao presente “status quo” do comércio mundial, começou a abalar
os pilares dos grandes “players” internacionais, buscando mudar o jogo e um
novo realinhamento global.
A China sempre
se posicionou como imenso entreposto do comércio mundial, pois soube criar
mecanismos para exercer este papel. No ocidente, a Alemanha se destaca e domina
o comércio de trocas de mercadorias na União Europeia. Para se ter uma ideia, a
UE respondeu por cerca de 58% das exportações no cenário mundial em 2013.
Neste
período, a Alemanha, a média de 28% até o ano de 2015 como principal
interveniente nas exportações da EU, superando Reino Unido (12,9%), França
(10,5%) e Itália (10,4%) - segundo o
site EuroStat Statiscs explained (http://ec.europa.eu/eurostat/statistics-explained/index.php/International_trade_in_goods/pt
) Foi por isto que o antigo ministro das
finanças no governo Tsipras na Grécia dirigiu severas críticas à Chanceler da
Alemanha Angela Merkel sobre as condições vantajosas e benéficas da Alemanha em
relação a outros países da União Europeia.
Como
este, não foi um fato isolado, posteriormente o Reino Unido, resolveu sair da EU,
o conhecido “BREXIT” pois, não aceitava mais as condições impostas pela UE,
além da pressão interna da população britânica, a maioria desempregados e de certa
forma excluídos desta globalização. Uma vez que os empregos migraram para os países
Asiáticos e outros emergentes como México, no caso do EUA.
Portanto,
o discurso de Trump, segue a linha contrária a do presidente Chinês. E se
alinha ao da primeira ministra britânica Theresa May. Neste diapasão, infere-se
que o propósito é alçar os Estados Unidos como principal protagonista no
comércio internacional e grande potência militar, levando a uma nova corrida
armamentista. Haja visto que os equipamentos bélicos dos americanos estão
defasados tecnologicamente em comparação as outras grandes potencias.
Isto
explica sua admiração por Vladimir Putin que comanda seu pais com mãos de ferro e é
adorado pela população Russa, pois colocou a Rússia novamente dentro do cenário
mundial como grande potência bélica. Prova disto foi sua intensa e bem sucedia
atuação na guerra da Síria fortalecendo o regime de Bashar Al Assad e anexação
da Criméia, dentre outros fatos. O que contribuiu para a imagem de Putin como
grande líder e estrategista no complicado tabuleiro de xadrez das relações
internacionais, suplantando Barack Obama.
Com
efeito, o cenário econômico e as trocas comerciais tendem a mudar, uma vez que
o empirismo do comercio internacional baseado em grandes blocos econômicos e
uniões aduaneiras para redução de barreiras e impostos estão perdendo o
glamour. Está em curso um novo embrião de trocas de mercadorias que será bem
mais pulverizado, prevalecendo os acordos comerciais bilaterais em que as
partes têm mais liberdades de contratar e corrigir possíveis desequilíbrios
contratuais ao longo dos anos. Isto exigirá uma melhor atenção e comportamento
da OMC no sentido de lidar com os litígios comerciais.
A isto,
pode resultar em protecionismo por alguns países, que no intuito de proteger os
empregos e manterem suas bases eleitorais constituirão forte “lobby” tarifário aos
produtos estrangeiros em detrimento da classe trabalhadora local e sindicatos.
Enfim, serão tempos de aprendizados e novas negociações, em que os tratados e
acordos provavelmente serão submetidos a apreciação popular, evitando o
desgaste dos plenipotenciários e políticos junto as suas bases eleitorais.
Por isso
o discurso de Xi Jinping foi no sentido linear de “Let it Be” dexar as coisas
como estão, pois a percepção de Democracia do mundo ocidental não é a mesma dos
países do Oriente. Contudo apesar das divergências, as coisas estão acomodadas
e fluindo. Mas é exatamente isto que o governo Trump e os novos governos nacionalistas
da União Europeia e outros países querem mudar, pois são demandas oriundas de
uma nova classe de trabalhadores emergentes e não contemplados pela globalização.
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Dados
sobre o autor:
Paulo
S.Silvano Oliveira
Advogado /
Consultor
Extensão em
Direito marítimo (transporte marítimo, oil & gás, avarias, etc)
“Expertise”
em portos – tendo atuado por 10 anos em portos da VALE.
Empresas de
reparos navais e Agencias marítimas.
Linkedin: BR.linkedin.com/in/paulosilvano
WWW.abreujuris.com
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