terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

O BRASIL E O MUNDO / BRAZIL AND THE WORLD OVERVIEW



As recentes crises que o mundo vem enfrentando, ensejam mudanças geopolíticas crescentes, em que relevantes “players” globais se intercalam em busca de ser o protagonista  em um cenário político e estratégico, cada vez mais acirrado.

Os países da EU procuram equilibrar suas  economias e defender a proteção da moeda e de suas fronteiras nacionais, temos hoje um mundo em ebulição. A Rússia querendo expandir suas fronteiras, na ânsia de retomar antigas repúblicas soviéticas como, Ucrânia, Estônia, Letônia, Lituânia com receio do avanço da União Europeia e países que fazem parte da OTAN a suas proximidades.

O desejo de Putim é que estes países sejam uma espécie de zona neutra, um colchão de ar separando a Rússia do leste da Europa o que possibilitaria uma reação defensiva mais rápida em caso de guerra. Os conflitos no mar da China entre Japão e China na disputa de ilhas estratégicas estão por ora, levemente adormecidos.

A China reduziu seu crescimento do PIB a 7%, causando uma desaceleração mundial. O Japão está com uma economia morna, paradoxalmente aos países emergentes, buscando um aumento de inflação e consumo. A exceção da Índia, que promete um crescimento maior para 2015 próximo a 6.5% em meio as reformas na sua infraestrutura.

No Oriente médio temos o avanço da escalada do terrorismo patrocinado pelo estado islâmico e alqaeda, cujos tentáculos atingem o ocidente de forma brutal em atentados terroristas, matando civis e expandindo sua “franquia” no aliciamento de jovens sem perspectivas e visão de melhores oportunidades nas lacunas deixada pelo estado e sociedade civil na proteção e formação de um comportamento social equilibrado.

Na Africa, grupos insurgentes com forte apelo religiosos radicais como o “boko haram” dizimam vilas inteiras, matando velhos, mulheres e crianças numa limpeza étnica sem precedentes. Quando não matam, sequestram e escravizam as vítimas, principalmente jovens e crianças, como foi o caso das 200 meninas sequestradas pelo grupo e até o momento, não foi localizado o cativeiro.

Na União Europeia, há um clamor pelo afrouxo das amarras colocadas pelo banco central europeu, fundo monetário internacional e Comissão Europeia, principalmente a Alemanha que exigem o cumprimento severo das  metas fiscais aos países detentores de empréstimos vultosos junto a “Troika” que eles chamam de trio do mal.

Paises como Grécia, Espanha, Portugal e Itália, estão enfrentando dificuldades políticas e financeiras no cumprimento deste acordo, causando desemprego, perda do poder aquisitivo e endividamento das famílias, gerando graves problemas sociais.

O sonho de um só continente e uma moeda única, se desvanece a medida que cresce a insatisfação geral nestes países, resultando em uma busca de soluções totalmente contrárias em partidos de esquerda clamando por mudança, como foi o caso da coalizão liderada pelo partido Syriza na Grécia, elegendo o primeiro ministro Tsipras e sua equipe sem gravata, mas elegantemente vestida.

Por este mesmo caminho, anda o partido “Podemos” na Espanha, considerado hoje como a segunda força política que flerta com o Syriza e parece beber da mesma fonte e poderá surpreender nas próximas eleições espanholas em  2015. Seu atual líder Pablo Iglesias é profundo admirador das ideias de Thomas Piketty.

Aqui nas Américas, os Estados Unidos continuam evoluindo com a saída da crise, a economia vem mostrando sinais de reaquecimento,  a taxa de desemprego está caindo e o FED(banco central americano) tem emitido sinais que aumentarão a taxa de juros, o que reduzirá a quantidade de dólar nos mercados, trazendo como consequência a valorização de sua moeda e atração de investimentos para o que os investidores consideram como portos seguros. A redução ou suspensão do embargo a Cuba, possibilitará o investimento e desenvolvimento de novos negócios em Cuba e países caribenhos.

Na America Latina, os paises andinos como Chile, Peru e Bolivia mantiveram suas economias em níveis sustentáveis com média de crescimento de 5% PIB ano, principalmente devido ao bloco Aliança do Pacífico (Chile, Colombia, Costa Rica, México e Peru) e as trocas comerciais com os mercados asiáticos, principalmente a China.

América do Sul é o patinho feio da economia mundial, a Argentina enfrentando graves problemas econômicos com rebaixamento de sua nota pela Standard & Poor´s para “SD” (selective default ou calote seletivo) não consegue refinanciar sua dívida. O governo da presidente Kirchnner enfrenta graves acusações de ter cooperado com terroristas Iranianos de acordo com afirmação do promotor argentino Alberto Nisman, cuja morte ainda é um mistério.

Venezuela, esta, está em frangalhos, com as instituições totalmente destruídas, um sistema político autocrático e uma economia cambaleante, totalmente dependente do petróleo que por azar da Venezuela está com preço em baixa, cotado a US$ 50,00 o barril. O pais atravessa uma das mais graves crises institucionais, correndo sérios perigos em resvalar para uma guerra civil, tamanho o descontentamento de sua população com o atual governante.

No que concerne ao Brasil, a situação não é menos agravante, a corrupção grassa pelas veias do país contaminando quase todo o setor público e privado de grandes empresas que negociam com o governo. Temos uma classe política com imagem profundamente desgastada, o governo perdeu sua base política na câmara, o que vai dificultar a aprovação das medidas de austeridade fiscal e pode comprometer a meta de superávit primário projetada para 2015 em 1.2% do PIB.

O cenário para este ano é desolador, com crescimento zero, inflação acima do teto da meta, haverá desemprego e redução da produção industrial. O que fazer? Trabalhar, trabalhar e reduzir gastos. Lamentavelmente a atual equipe economica se ocupará em corrigir as decisões e erros de estratégias do governo anterior, terá que sanear e estabelecer os princípios macroeconômicos da economia, que foram derrubados  pela antiga equipe de governo, e isto leva tempo.

Não sei por que o PT insistiu tanto em ganhar as eleições passadas. Talvez não tenha lido com atenção “O Príncipe” de Maquiavel, em que para um governo tirano e de medidas austeras, o príncipe deveria nomear um duro governante, após o sofrimento do povo, clamando por alivio, apareceria o príncipe, tiraria o governo anterior e proporcionaria alívio, sendo depois aclamado e adorado pelo povo. 

Outro erro de estratégia do PT; teria lucrado mais, se o PSDB tivesse ganhado as eleições. Qualquer  dos partidos PSDB ou PT que fosse vitorioso no pleito, estas reformas teriam que ser implementadas de qualquer forma.

Concluindo, o globo terrestre está bem, mas os governos estão em alvoroço, estamos ainda vivendo sob densas névoas, nada está concreto em termos de decisão estratégica, Pois faltam elementos e evidencia precisas para uma tomada de decisão mais assertiva. Os países e blocos econômicos estão repensando seus modelos na busca de soluções para seus problemas internos.

Existe ainda um grande vácuo de poder, antes era um mundo bipolar com Estados Unidos e antigas Repúblicas Soviéticas disputando a hegemonia do poder e sistemas. Atualmente vivemos um mundo multipolar, onde vários países se intercalam neste jogo político, em que a presença do inimigo, no passado representada por um pais ou nação, hoje ele está oculto na figura  de grupos terroristas, falta consenso e a regência de um grande líder mundial e este, ainda não apareceu.


Dados do Autor:
Paulo S.Silvano Oliveira
Advogado
Extensão em Direito marítimo (transporte marítimo, oil & gás, avarias, etc)
“Expertise” em portos – tendo atuado por 10 anos em portos da VALE.
Empresas de reparos navais e Agencias marítimas.
Linkedin: BR.linkedin.com/in/paulosilvano

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