ADERBAL
E A QUARENTENA
Em meio a esta epidemia de corona
vírus e quarentena imposta a população, em uma ida rápida ao supermercado,
encontrei uma pessoa conhecida, mas que raramente se pode deparar com frequência.
Trata-se do Aderbal (ver o artigo neste blog, intitulado “ O Aderbal tinha
razão).
Conversamos um pouco e perguntei
sobre a atual conjuntura, e ele me deixou a par de algumas informações. Falou
que já conjecturava tudo isto, pois estava em sua poltrona, aproveitando a indolência
da quarentena, quando adormeceu e tudo lhes foi mostrado em um sonho.
Como assim, perguntei? Ouça, e foi
discorrendo sobre o Japão e diversos países Europeus e também os Estados Unidos,
pois estavam com excesso de dinheiro em circulação, a tal de “quantitative
easing”, alavancagem de crédito ou afrouxamento monetário.
Disse que os bancos
internacionais estavam cobrando para guardar o dinheiro dos clientes, pois
havia um período de deflação (inverso da inflação), praticamente induzindo os
clientes a gastar e buscar aplicações mais rentáveis, aumentando o apetite de
risco em economias emergentes.
Perguntei a ele, que sonho foi
este? Calma, me respondeu, vai escutando! Diante disto, continuou ele, as
bolsas começaram a receber investimentos diversos e operar em altos picos, no
Brasil e exterior. Mas Aderbal...falei eu! Me escuta mais um pouco, objetou
ele. O fato é que depois de alguns períodos de ações em alta, investimentos
rendendo a contento (Bullish Market/mercado em alta), imaginaram que esta
tendência iria continuar por longo tempo.
Contudo, disse Aderbal com
olhares sombrios, a coisa mudou. Como assim, perguntei? Os ativos, respondeu
ele, começaram a migrar. A preferência se volveu para o mercado de ouro e
dólar. Ativos com menos risco. A primeira saída de capitais da bolsa Brasileira
se deu em agosto de 2019. Aproximadamente 10 bilhões. A segunda, aconteceu em
março de 2020. Em uma saída recorde de 44.5 bilhões. Investidores seguem sempre
o dinheiro, disse entre os dentes.
E esta crise e o surto de corona
vírus que estamos enfrentando agora, foi mostrado no sonho? Indaguei a ele. Vou
chegar lá, me respondeu; lembra-se da disputa comercial entre os EUA e a China
que estava causando uma grande confusão e recessão global. Sim, lembro disse
eu, a isto, continuou ele, quando os EUA estava para finalizar a negociação de
um acordo comercial (trade deal) em condições mais favoráveis aos Americanos,
corrigindo as desigualdades na balança comercial.
Ai, disse ele, com os olhos
arregalados, estourou a epidemia com o surto de corona vírus, primeiramente na
China e depois alastrou-se por todos os continentes, causando uma verdadeira pandemia,
com comoção social, desordem nos sistemas de saúde mundial e pânico financeiro
e logístico. Uma apropriada teoria Malthusiana (Thomas Malthus, economista Britânico
em meados de 1805) para reformular os gargalos dos sistemas e meios de
produção.
Mas...tudo isto em um sonho, Aderbal?
Você está delirando em um mundo de conspirações. Aí é que está, retrucou ele,
perguntei à pessoa que falava comigo em sonhos, como ela sabia disto? Ao que me respondeu: observando, [sic] por rodear a terra e passear
por ela. “Va de retro” Aderbal! Exclamei eu, tudo isto é maquiavélico. Também
acho, replicou ele.
Depois disto, pegou suas compras
e caminhou para seu carro, um chevette ano 78, cor azul celeste, com placas
Mercosul e foi dirigindo tranquilamente, em meio aquele dia cinzento e chuvoso.
Não se turbou, foi embora normalmente. No vidro traseiro, observei que havia um
decalque já bem desbotado pela ação das intempéries, com os dizeres: ” O bem
triunfará”. Refleti, não é que o Aderbal tem razão!!
Sobre o Autor:
Paulo
Sergio Silvano Oliveira
Advogado
Extensão
em Direito marítimo
Broker
de reparos navais (onshore & offshore, cabotagem e longo-curso)
“Expertise”
em portos – tendo atuado por 10 anos em portos da VALE.
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