As
recentes crises que o mundo vem enfrentando, ensejam mudanças geopolíticas crescentes,
em que relevantes “players” globais se intercalam em busca de ser o
protagonista em um cenário político e
estratégico, cada vez mais acirrado.
Os
países da EU procuram equilibrar suas economias e defender a proteção da moeda e de
suas fronteiras nacionais, temos hoje um mundo em ebulição. A Rússia querendo
expandir suas fronteiras, na ânsia de retomar antigas repúblicas soviéticas
como, Ucrânia, Estônia, Letônia, Lituânia com receio do avanço da União
Europeia e países que fazem parte da OTAN a suas proximidades.
O
desejo de Putim é que estes países sejam uma espécie de zona neutra, um colchão
de ar separando a Rússia do leste da Europa o que possibilitaria uma reação
defensiva mais rápida em caso de guerra. Os conflitos no mar da China entre
Japão e China na disputa de ilhas estratégicas estão por ora, levemente
adormecidos.
A
China reduziu seu crescimento do PIB a 7%, causando uma desaceleração mundial.
O Japão está com uma economia morna, paradoxalmente aos países emergentes,
buscando um aumento de inflação e consumo. A exceção da Índia, que promete um
crescimento maior para 2015 próximo a 6.5% em meio as reformas na sua infraestrutura.
No
Oriente médio temos o avanço da escalada do terrorismo patrocinado pelo estado
islâmico e alqaeda, cujos tentáculos atingem o ocidente de forma brutal em
atentados terroristas, matando civis e expandindo sua “franquia” no aliciamento
de jovens sem perspectivas e visão de melhores oportunidades nas lacunas
deixada pelo estado e sociedade civil na proteção e formação de um
comportamento social equilibrado.
Na
Africa, grupos insurgentes com forte apelo religiosos radicais como o “boko
haram” dizimam vilas inteiras, matando velhos, mulheres e crianças numa limpeza
étnica sem precedentes. Quando não matam, sequestram e escravizam as vítimas,
principalmente jovens e crianças, como foi o caso das 200 meninas sequestradas
pelo grupo e até o momento, não foi localizado o cativeiro.
Na
União Europeia, há um clamor pelo afrouxo das amarras colocadas pelo banco
central europeu, fundo monetário internacional e Comissão Europeia,
principalmente a Alemanha que exigem o cumprimento severo das metas fiscais aos países detentores de
empréstimos vultosos junto a “Troika” que eles chamam de trio do mal.
Paises
como Grécia, Espanha, Portugal e Itália, estão enfrentando dificuldades
políticas e financeiras no cumprimento deste acordo, causando desemprego, perda
do poder aquisitivo e endividamento das famílias, gerando graves problemas
sociais.
O
sonho de um só continente e uma moeda única, se desvanece a medida que cresce a
insatisfação geral nestes países, resultando em uma busca de soluções
totalmente contrárias em partidos de esquerda clamando por mudança, como foi o
caso da coalizão liderada pelo partido Syriza na Grécia, elegendo o primeiro
ministro Tsipras e sua equipe sem gravata, mas elegantemente vestida.
Por
este mesmo caminho, anda o partido “Podemos” na Espanha, considerado hoje como
a segunda força política que flerta com o Syriza e parece beber da mesma fonte
e poderá surpreender nas próximas eleições espanholas em 2015. Seu atual líder Pablo Iglesias é
profundo admirador das ideias de Thomas Piketty.
Aqui
nas Américas, os Estados Unidos continuam evoluindo com a saída da crise, a
economia vem mostrando sinais de reaquecimento,
a taxa de desemprego está caindo e o FED(banco central americano) tem
emitido sinais que aumentarão a taxa de juros, o que reduzirá a quantidade de
dólar nos mercados, trazendo como consequência a valorização de sua moeda e
atração de investimentos para o que os investidores consideram como portos
seguros. A redução ou suspensão do embargo a Cuba, possibilitará o investimento
e desenvolvimento de novos negócios em Cuba e países caribenhos.
Na
America Latina, os paises andinos como Chile, Peru e Bolivia mantiveram suas
economias em níveis sustentáveis com média de crescimento de 5% PIB ano,
principalmente devido ao bloco Aliança do Pacífico (Chile, Colombia, Costa
Rica, México e Peru) e as trocas comerciais com os mercados asiáticos,
principalmente a China.
América
do Sul é o patinho feio da economia mundial, a Argentina enfrentando graves
problemas econômicos com rebaixamento de sua nota pela Standard & Poor´s
para “SD” (selective default ou calote seletivo) não consegue refinanciar sua
dívida. O governo da presidente Kirchnner enfrenta graves acusações de ter
cooperado com terroristas Iranianos de acordo com afirmação do promotor
argentino Alberto Nisman, cuja morte ainda é um mistério.
Venezuela,
esta, está em frangalhos, com as instituições totalmente destruídas, um sistema
político autocrático e uma economia cambaleante, totalmente dependente do
petróleo que por azar da Venezuela está com preço em baixa, cotado a US$ 50,00
o barril. O pais atravessa uma das mais graves crises institucionais, correndo
sérios perigos em resvalar para uma guerra civil, tamanho o descontentamento de
sua população com o atual governante.
No
que concerne ao Brasil, a situação não é menos agravante, a corrupção grassa
pelas veias do país contaminando quase todo o setor público e privado de
grandes empresas que negociam com o governo. Temos uma classe política com
imagem profundamente desgastada, o governo perdeu sua base política na câmara,
o que vai dificultar a aprovação das medidas de austeridade fiscal e pode
comprometer a meta de superávit primário projetada para 2015 em 1.2% do PIB.
O
cenário para este ano é desolador, com crescimento zero, inflação acima do teto
da meta, haverá desemprego e redução da produção industrial. O que fazer?
Trabalhar, trabalhar e reduzir gastos. Lamentavelmente a atual equipe economica
se ocupará em corrigir as decisões e erros de estratégias do governo anterior,
terá que sanear e estabelecer os princípios macroeconômicos da economia, que
foram derrubados pela antiga equipe de
governo, e isto leva tempo.
Não
sei por que o PT insistiu tanto em ganhar as eleições passadas. Talvez não
tenha lido com atenção “O Príncipe” de Maquiavel, em que para um governo tirano e de medidas austeras, o príncipe deveria
nomear um duro governante, após o sofrimento do povo, clamando por alivio,
apareceria o príncipe, tiraria o governo anterior e proporcionaria alívio,
sendo depois aclamado e adorado pelo povo.
Outro erro de estratégia do PT;
teria lucrado mais, se o PSDB tivesse ganhado as eleições. Qualquer dos partidos PSDB ou PT que fosse vitorioso
no pleito, estas reformas teriam que ser implementadas de qualquer forma.
Concluindo,
o globo terrestre está bem, mas os governos estão em alvoroço, estamos ainda
vivendo sob densas névoas, nada está concreto em termos de decisão estratégica,
Pois faltam elementos e evidencia precisas para uma tomada de decisão mais
assertiva. Os países e blocos econômicos estão repensando seus modelos na busca
de soluções para seus problemas internos.
Existe
ainda um grande vácuo de poder, antes era um mundo bipolar com Estados Unidos e
antigas Repúblicas Soviéticas disputando a hegemonia do poder e sistemas. Atualmente
vivemos um mundo multipolar, onde vários países se intercalam neste jogo
político, em que a presença do inimigo, no passado representada por um pais ou
nação, hoje ele está oculto na figura de
grupos terroristas, falta consenso e a regência de um grande líder mundial e
este, ainda não apareceu.
Dados
do Autor:
Paulo
S.Silvano Oliveira
Advogado
Extensão em
Direito marítimo (transporte marítimo, oil & gás, avarias, etc)
“Expertise”
em portos – tendo atuado por 10 anos em portos da VALE.
Empresas de
reparos navais e Agencias marítimas.
Linkedin: BR.linkedin.com/in/paulosilvano